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Em suma, eis o que apontei nas perguntas e nos comentários do fórum destes últimos dias. O ponto essencial sendo que fui tratado de "RAMBO" por ter gozado com um internauta ansioso por saber tudo sobre os seus "abdominais" e quando ficariam definidos. Devo considerá-lo como um elogio ou como um insulto? Optei por tomá-lo como um elogio! Obviamente, é-me impossível fornecer qualquer resposta válida sem passar por um charlatão. A minha primeira reacção foi pensar que essa pessoa, para além de não entender nada – o que é uma pena – não tinha sentido de humor – mais uma vez acho uma pena – e que achava certamente que iria conseguir ofender-me ao chamar-me de Rambo, pobre espírito leviano. Depois de reflectir um pouco, aceito o termo de Rambo com honra e orgulho. Gostaria imenso que todos fossem Rambos!
Gostaria de aproveitar esta breve polémica para explicar a minha função de educador desportivo. Algumas das minhas afirmações poderão contrariar e as minhas explicações talvez não respondam às vossas expectativas. O vosso grande problema comigo é o facto de o termo educador desportivo incluir “desportivo”, mas sobretudo “educador”. E é neste aspecto que as coisas se complicam. Fico extremamente preocupado quando leio: "Michel, confio inteiramente em si!"
Isto deixa entender que possuo algum tipo de poder. Não sou Deus, nem nenhum dos seus discípulos, de qualquer religião que seja. É preciso estar-se num estado de grande desespero para fazer tal afirmação. "Michel, queria que me elaborasse um programa para ... "
Quero esclarecer imediatamente que Michel sempre fez o que quis e nunca o que lhe foi imposto. Mas será necessário pedir a Michel, a este ou aquele para ter um programa?
"claro, tu sabes e nós não!"
O que poderá Michel saber por vocês?Ninguém sabe de nada por vocês. Ninguém sabe o que é melhor para vocês a não ser vocês próprios. Michel forneceu-vos ferramentas de conhecimento no site. Em primeiro lugar, do lado direito da página principal, olhe para todos os títulos dos capítulos propostos. Explore a rubrica "assuntos diversos". Leia os artigos propostos ao chegar à zona de membro do clube. Nos meus textos, não entro demasiado em pormenor voluntariamente de modo a manter a informação relativamente ao alcance de todos. Para obter mais informações, as bibliotecas estão repletas de livros. Utilize o seu espírito para criar, experimentar, adaptar e modificar o seu próprio programa. Foi dotado de um corpo e de um espírito (não irei mais longe), utilize um para desenvolver o outro e vice-versa. Michel não está aqui para dar ração aos praticantes como se de galinhas se tratasse. Será mais proveitoso para um país subdesenvolvido entregar-lhe regularmente sacos de trigo ou ensinar às suas populações a cultivar e extrair água do subsolo? É isso que Michel procura fazer. Evidentemente, é intelectualmente mais fácil esperar pela ração e se esta não prestar, acusar o agricultor. No entanto, considero que, apesar de todo o respeito que possa ter pelas aves de capoeira,
Vamos simplesmente analisar como alcançar estes objectivos. podemos esperar mais do homem. Se acha que perdeu algo, que está a viver um fracasso, pense que não perdeu nada nem houve qualquer fracasso. Considere simplesmente que a partir de agora ficará a saber que pode eliminar aquele caminho, que não lhe convém. Deu um passo em direcção ao sucesso. O fracasso e o erro existem apenas se persistirmos. Mas se agirmos de forma diferente, confrontar-nos-emos apenas com sucessos. Tudo isto me remete para uma reflexão acerca do ensino e da função da escola. A escola não existe para transmitir saber. Não precisamos de ir para a escola para "saber", basta ler. Durante os primeiros anos, o ensino é muito directivo, mas aos poucos, a criança começa a aprender mais por si mesma. Infelizmente, isso acontece raramente. É-nos pedido para aprender de cor e expor a matéria mas sobretudo, para nunca pormos em causa o sistema nem reflectir acerca do porquê nem do como. As aulas de filosofia, no 12º ano, são as únicas que exigem reflexão.
Os restantes são simplesmente convidados a viver burros e disciplinados para o resto da vida. Para saber o que devem pensar, os noticiários da noite nos canais televisivos encarregam-se de lho recordar diariamente. Assim entram inúmeros adolescentes na universidade, com sólidos estudos secundários,mas totalmente incapazes de passar do primeiro ano. Em contrapartida, alguns alunos muito médios poderão fazer estudos superiores notáveis A escola ter-lhes-á transmitido um saber, mas não lhes terá ensinado a aprender. Tudo se resume a esta faculdade de aprender Algumas pessoas consideram que passamos 20 - 25 anos a aprender, 30 anos a trabalhar (usando o nosso conhecimento) e o restante à espera da morte à frente da televisão. Que vida triste! Um dos meus clientes perguntou-me onde tinha adquirido os meus conhecimentos de informática. Respondi-lhe: "na escola". Ele achou que eu tinha tido imensa sorte, pois ele, que estava prestes a fazer apenas 30 anos, não havia tido muito contacto com computadores nos estabelecimentos que frequentou. Achei muito divertido, pois eu andava na escola secundária quando lançaram o primeiro Sputnik. Estávamos ainda muito longe da informática individual. Tive, portanto, de aprender sozinho. Ao que dizem é fabuloso ter conseguido tal feito, e no entanto, parece-me natural! Ele é professor de educação física e portanto, para ele, o ensino consiste em transmitir um conhecimento ou um saber. Para a sociedade, é motivo de alívio constatar que ele está de acordo com o molde: Aprendeu até aos 25 anos e agora transmite o seu saber.
O facto de se possuir um diploma não significa que se tenha competência. O mundo do trabalho exige uma adaptabilidade e flexibilidade constantes. Todos os eventuais problemas que possam surgir durante a vida profissional não podem ser abordados durante a escolaridade, por muito longa que ela seja. Apenas os mais curiosos e audazes poderão ser bem sucedidos, como o Rambo. Serão bem sucedidos não só no trabalho como na vida pessoal. Porque a curiosidade não se limita apenas às horas de trabalho.
O Fórum existe para colocar questões,para trocar ideias e métodos de treino. Mas por favor, antes de dizer " QUERO um programa ", volte a ler este texto, bem como os links associados ao mesmo e pensem que não respondo voluntariamente. Não censuro quem tem este tipo de comportamento, pois foram programados assim pela sociedade. Seja como for se, com esta carta, tiver,conseguido dar um valente empurrão a alguém, considerar-me-ei o homem mais feliz do mundo.
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